top of page

registro fóssil e filogenia

Palavras marcadas com um asterisco (*) são definidas ao final de cada página, num vocabulário.

Links em laranja são links para páginas externas

Links em verde são links para outras páginas deste site

O registro fóssil e a reconstrução das relações filogenéticas: 

​

Fósseis são restos de organismos mortos ou vestígios de sua existência. A distinção entre restos fósseis e não fósseis é arbitrária e, em geral, consideram-se fósseis os restos ou vestígios com mais de 10 mil anos de idade. Existem vários tipos de fósseis, gerados por diferentes processos, como o congelamento, a petrificação, a inclusão em resina etc. Não vamos tratar sobre esses aspectos aqui, mas você pode ler mais sobre isto aqui e em outras fontes. Neste artigo, vamos apenas explorar um pouco a contribuição dos fósseis para a reconstrução da história evolutiva dos organismos.

 

Era ideia dominante, até meados do século XX, que as relações filogenéticas entre os seres viventes só poderiam ser reconstruídas de forma objetiva a partir do registro fóssil*. Apesar disto, os defensores da escola fenética acreditavam que este registro fosse insuficiente para se fazer a reconstrução da história evolutiva da vida, devido a fatores como:

 

  • As diferentes formas extintas de vida não estão igualmente representadas no registro fóssil. Alguns fatores influenciam na probabilidade de um animal ou planta recém-morto ser fossilizado. Por exemplo, animais com partes duras no corpo têm uma chance maior de serem preservados. Assim, os invertebrados mais bem representados no registro fóssil são os moluscos, devido às suas conchas; da mesma forma, os vertebrados também são muito bem representados, devido ao seu esqueleto rígido e resistente (nesses casos, frequentemente, os fósseis se restringem, respectivamente, apenas às conchas e esqueletos ou partes deles). Outros grupos de corpo inteiramente moles, como minhocas e outros vermes, têm um registro fóssil muito menos expressivo.

 

  • A maioria dos fósseis é constituída por fragmentos, incapazes de nos dar informações confiáveis sobre sua posição na filogenia. Mesmo os fósseis de grupos bem representados, frequentemente, são muito incompletos. Assim, por exemplo, algumas espécies extintas de mamíferos são representadas apenas por alguns ossos ou fragmentos de ossos. Num estudo taxonômico, em que características de diferentes táxons são comparadas, como avaliar a evolução de caracteres referentes à epiderme, músculos ou órgãos, por exemplo, em fósseis que se resumam a partes do esqueleto ou a uma concha?

 

  • Nem todos os fósseis produzidos foram ou serão encontrados e estudados. A imensa maioria dos fósseis está enterrada ou incrustada em rochas no subsolo. Em diversos pontos do planeta, camadas de rochas especialmente ricas em fósseis foram trazidas às proximidades da superfície, devido a processos geológicos, e esses fósseis podem ter sido expostos, devido à erosão ou a atividades humanas, como construção de estradas, mineração etc. Obviamente, contudo, muitos fósseis não foram e a maioria deles jamais será exposta para estudo e, assim, muitas formas de vida já extintas jamais terão sua existência reconhecida.

​

Por essas e outras razões, nós jamais seremos capazes de conhecer toda a diversidade passada da vida e, muito menos, as relações filogenéticas entre essas formas. Isto parece dar razão aos taxonomistas numéricos e pode sugerir que reconstruir a filogenia da vida seja uma tarefa impossível. Como veremos no tema "Escolas contemporâneas - Sistemática Filogenética ou Cladística", isto não é bem verdade e é possível, sim, reconstruir relações filogenéticas a partir das características (morfológicas, moleculares etc) dos organismos viventes. Isto não significa, contudo, que os fósseis sejam inúteis para o entendimento da evolução. Eles são especialmente úteis:

​

  • Para estabelecer idades mínimas para cada linhagem.

  • Para nos permitir conhecer formas de vida que não existem mais.

  • Para nos facilitar o entendimento da evolução de determinadas estruturas morfológicas.

  • Para nos ajudar a reconstruir a composição e as relações ecológicas das biotas passadas.

 

Os efeitos do desconhecimento sobre linhagens fósseis no entendimento das relações filogenéticas e na classificação dos organismos já foi exemplificado e discutido em outra página, quando falamos sobre a evolução das aves (veja aqui).

​

​

Vocabulário

​

  • Registro fóssil: conjunto de todos os fósseis existentes, já descobertos ou não.

bottom of page